Professora Doutora Eliete Maria de Oliveira Caldeira

Entrevista: Mulheres na Engenharia

Falar um pouco sobre a sua formação, porque escolheu engenharia e quem te incentivou nesse processo

Eu gostava de matemática e não sabia bem sobre quase nenhuma profissão. Escolhi o curso de Engenharia Elétrica porque usaria minhas habilidades mas me daria possibilidades que eu ainda não conhecia nem poderia prever, enfim que abriria meus horizontes. Fiz Engenharia Elétrica na Ufes, de 1989-2 a 1994-1 com ênfase em Potência (como se dizia na época). Ingressei no mesmo ano no mestrado no Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) da Ufes para fazer mestrado com um tema de microeletrônica, sob orientação do Prof. Dr. Getúlio Vargas Loureiro, finalizando em março de 1997. No ano seguinte iniciei o doutorado no PPGEE em robótica móvel sob orientação do Prof. Dr. Mário Sarcinelli Filho e coorientação do Prof. Dr. Hans Jorg Andreas Schneebeli, terminando em 2002.

Desafios que você encara sendo mulher no meio da engenharia

Desde o início do curso, o ambiente de engenharia traz uma convivência maior com homens e pode ser bastante machista, com professor dizendo “Você deveria ficar em casa cuidando do seu marido!”. Mas com um pouco de paciência e persistência, fui mostrando a minha firmeza e convicção de que estava no lugar certo. Além disso, tinha como exemplos as professoras (Profa. Dra. Jussara Farias Fardim, Profa. Dra. Rosane Bodart Soares, Profa. Dra. Carla César Martins Cunha) do departamento que já haviam trilhado esse caminho e me espelhei nelas. No mestrado e no doutorado, os desafios de ser mulher apareceram com a dificuldade em ser mãe e cumprir as exigências do curso. Como professora, de uma maneira geral, acho o ambiente da universidade muito bom. Tenho como colegas de trabalho pessoas inteligentes, com sede de aprender cada dia mais, desenvolvendo projetos interessantes para o desenvolvimento da tecnologia ou para aplicá-la para ajudar pessoas como os que fazemos no NTA – Núcleo de Tecnologias Assistivas. Em sala de aula temos o privilégio de conviver com jovens que nos desafiam a cada turma com suas questões e seus posicionamentos sempre renovados. O número de mulheres como alunas no curso e como professoras do departamento ainda não é equiparado ao de homens, mas o ambiente melhorou desde aquele começo de graduação. 

Experiências memoráveis que teve no mercado de trabalho (boas ou ruins)

Após o término do doutorado fui convidada para coordenar os cursos de Engenharia de Telecomunicações e Engenharia de Computação da Faculdade Novo Milênio. Foi um tempo de muito aprendizado com a continuação da implantação do curso e depois sua aprovação junto ao MEC, e junto ao CREA-ES. Foi muito gratificante participar da colação de grau das primeiras turmas. A segunda experiência gratificante que tive, já como professora da Ufes, foi receber minha filha Thais de Oliveira Caldeira como aluna no curso e conviver com ela durante os anos em que ela fez Engenharia Elétrica, finalizando com a sua colação de grau.

Uma mensagem para as mulheres que querem se tornar engenheiras

Às meninas que sonham em se tornar engenheiras eu digo: Venham! Estamos esperando de braços abertos por vocês! O curso de Engenharia Elétrica não é fácil, mas o conhecimento adquirido pode ser usado para trazer benefícios para muitas pessoas. Use seus dons para fazer acontecer! Não deixe que preconceitos te impeçam de fazer a diferença!